ANDRESSA TAFFAREL
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
O gosto pela música faz parte da vida de Marinês Mendes, 44, há pelo menos uns 20 anos. Ela já deu aulas particulares de violão e fez um curso aqui, outro ali, enquanto trabalha como servidora na USP, bem distante das notas musicais.
Em 2007, uma ex-professora ligou para Marinês e fez uma pergunta estranha: "Quer voltar a estudar música? Em casa e de graça?".
O convite era para que a ex-aluna tentasse o vestibular para licenciatura em ensino musical, pelo programa de educação a distância da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).
Marinês e mais 33 alunos toparam a experiência, compartilhada por mais de 170 mil pessoas que hoje fazem algum tipo de graduação ou especialização em cursos oferecidos por instituições públicas que participam do sistema Universidade Aberta do Brasil, programa do MEC (Ministério da Educação) para o ensino a distância.
Apesar de ser a distância, o curso não é fácil, dizem os alunos. Demanda muito estudo em casa, além dos encontros presenciais em polos espalhados pelo país --onde os alunos fazem provas e atividades em grupo.
Criada em 2006, a UAB tem como objetivo atender a população com dificuldades de acesso à formação superior e os professores do sistema público sem graduação, que têm apenas o magistério ou que ministram aulas de disciplinas não compatíveis com sua formação.
Por ser um projeto novo, Celso José da Costa, diretor de educação a distância da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), reconhece que ainda há problemas.
"Algumas universidades não têm experiência nesse tipo de ensino, então sempre surgem alguns imprevistos. As equipes de alguns polos ainda mostram dificuldades, mas estamos melhorando."
Disciplina
Estudante de sistema de informação, Marcelo Correia, 33, vai precisar estudar mais do que previa até o fim do ano ou poderá ser reprovado novamente em uma matéria e até ser jubilado do curso.
Para evitar que os estudantes prolonguem os anos de estudo, ocupando o lugar de outros, a UAB não permite duas reprovações na mesma matéria. "Agindo dessa forma, a própria UAB vai ampliar a exclusão educacional no país", critica Marcelo.
Já Marinês acha a exigência necessária. "O aluno precisa ter disciplina, estudar três, quatro horas por dia e nos fins de semana. Se não houver cobrança, em muitos casos não funciona."
Mesmo concordando com tanta exigência, ela fica em dúvida se faria outro curso a distância. "Cansa bastante. Acho que agora eu não faria outro. Mas vale muito a pena, sempre recomendo."
Folha.com
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